Nascimentos e solturas de peixes-boi são indicativos de sucesso de projeto de conservação da espécie em AL

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21.04.18

Ivi, um peixe-boi fêmea de seis anos e cerca de 436 quilos, foi o 46o animal devolvido à natureza, desde 1994, pelo Programa Peixe-boi/CEPENE (Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no dia 05 de abril, no Rio Tatuamunha, em Porto de Pedras (AL). A reintrodução de Ivi, assim como os oito filhotes nascidos de fêmeas devolvidas à natureza nos últimos anos, são indicativos de sucesso e motivo de alegria para os especialistas do Programa Peixe-boi.

“A primeira soltura no Rio Tatuamunha aconteceu em 2008. Os resultados que estamos colhendo a cada ano desde então são fruto de um árduo trabalho da equipe de especialistas e um sinal de que estamos no caminho certo para o repovoamento da espécie nessa região. Ficamos extremamente felizes com cada soltura e também com os nascimentos, pois nos provam que os animais estão totalmente adaptados às condições de seu ambiente natural”, explica o analista ambiental do ICMBio e Chefe do ICMBio Costa dos Corais Peixe-boi, Iran Normande.

Com apoio da Fundação Toyota do Brasil e da Fundação SOS Mata Atlântica, a ação faz parte da estratégia de reintroduzir peixes-boi marinhos como forma de reconectar duas populações isoladas (entre Alagoas e Pernambuco) e proporcionar o fluxo gênico, reduzindo as chances de extinção da espécie. Historicamente, distribuídos ao longo do litoral do Espírito Santo até o Amapá, a população do peixe-boi foi diminuindo principalmente devido à caça. Sua baixa taxa reprodutiva também dificulta o repovoamento.

Em 2014, a espécie deixou de constar na categoria “Criticamente em Perigo”, sendo listada na categoria “Em Perigo” da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente. Atualmente, especialistas contabilizam até 1000 peixes-boi entre Alagoas e o Piauí. Antes eram apenas 500 estimados. “Hoje a ameaça não é muito mais a caça, mas a perda do habitat, especialmente os manguezais que estão sendo depredados para criação de camarões em cativeiro. Como todo mamífero, a gestação do peixe-boi é demorada. São em média 13 meses de gestação e mais dois anos amamentando. Eles só atingem a maturidade sexual aos seis anos e podem viver até 60” , esclarece Normande.

O Rio Tatuamunha, atualmente único sítio de soltura em operação, oferece as condições mais adequadas tanto para os animais que se encontram nos recintos de aclimatação quanto para os animais que vivem livremente por se tratar de um ambiente estuarino – encontro do rio com o mar. Clemente Coelho Jr., presidente do Instituto Bioma Brasil, explica que no geral a população não percebe a importância dos manguezais por o considerarem um local feio e com mau cheiro. “Acontece que o mangue é fundamental para o equilíbrio ambiental e para a manutenção da vida marinha. É um bioma que funciona como berçário para várias espécies marinhas como peixes, moluscos e crustáceos que se reproduzem e se alimentam, inclusive o peixe-boi”, enfatiza.

“Conservar tornou-se palavra de ordem, principalmente quando se trata de biodiversidade. Não existe um bioma mais importante que o outro. O que deve existir é uma consciência de todos e o entendimento de que também somos parte da biodiversidade”, afirma Percival Maiante, presidente da Fundação Toyota do Brasil.

Ivi

Ivi estava vivendo em um dos recintos de aclimatação do Programa Peixe-boi no Rio Tatuamunha, em Alagoas. Com a sua soltura, Raimundo , Luiz Gonzaga e Arati permanecem no recinto, onde se adaptam às condições que encontrarão em vida livra, até se tornarem clinicamente aptos à soltura. A expectativa dos especialistas do ICMBio é de que no segundo semestre de 2018 mais dois animais sejam devolvidos à natureza.

A veterinária do Programa Peixe-boi, Fernanda Attademo, explica que Ivi será monitorada através de microchips e transmissores por satélite. “Colocamos na cauda do animal os transmissores para que a equipe possa acompanhar a adaptação de cada um à natureza, e interferir, caso o animal esteja com algum problema”. O acompanhamento permite gerar dados que auxiliarão os pesquisadores a definir áreas importantes para a conservação da espécie.

Em 2016 foi construído outro recinto no estuário, dessa vez, para abrigar os indivíduos inaptos à soltura e que poderão servir de sensibilização aos turistas. É importante ressaltar que todos os animais são colocados em ambiente natural para que possam se acostumar com o seu habitat antes da reintrodução. Porém, alguns animais, após algumas tentativas de retorno, rejeitam o convívio em ambiente aberto, apresentando perda de peso, ferimentos e se tornando presas fáceis. Por isso, alguns retornam para os recintos como é o caso do peixe-boi Assu.

Curiosidades do peixe-boi marinho

  • São mamíferos herbívoros, alimentando-se de 8% a 13% de seu peso de plantas como o capim-agulha, folhas de mangue e algas marinhas;
  • Podem atingir 600 quilos e medir até quatro metros;
  • A população diminuiu drasticamente principalmente devido a caça;
  • A reprodução da espécie gira em torno de 12 a 14 meses, levando quatro anos para se reproduzir novamente;
  • O animal pode ficar até cinco minutos em baixo da água sem respirar. Se estiver em repouso, o animal pode permanecer até 20 minutos submerso.

A espécie que gera renda

No município alagoano de Porto de Pedras (AL), a formação de cidadãos, geração de renda e o turismo também provam que podem ser aliados à conservação do peixe-boi marinho. A Associação Peixe-boi, que realiza o turismo de base comunitária na cidade, capacita moradores e ex-pescadores para trabalhar no projeto. Hoje, cerca de 47 famílias vivem em razão da espécie. A entidade recebe até 70 visitantes todos os dias para os passeios em jangadas ao longo do Rio Tatuamunha para verem os animais soltos e aqueles que estão nos recintos, mantidos pelo ICMBio

“Muitos dos jangadeiros que nós temos aqui já foram pescadores ou filhos de pescadores e que tinham o peixe-boi como uma ameaça ou até mesmo como um animal de estimação por conta da sua docilidade. Hoje, a espécie é um verdadeiro gerador de renda no município. Muitas pessoas atuam no turismo de observação ou na produção de artesanatos”, afirma Antônio Santos, presidente da Associação Peixe-boi.

Serviço – Associação Peixe-Boi de Condutores

Valor do passeio: R$ 50,00 por pessoa
Telefone: 82-3298-6247
Horários: 10h às 16h
Endereço: Rua Luiz Ferreira Dorta, 25 – Tatuamunha – Porto de Pedras – Alagoas
Site: http://www.associacaopeixeboi.com.br/
facebook.com/associacaopeixeboi
É necessário agendamento antecipado.

Sobre a Fundação Toyota do Brasil

Criada em abril de 2009, a Fundação Toyota do Brasil atua na preservação ambiental e formação de cidadãos. Além das novas iniciativas surgidas com a sua instituição, a Fundação Toyota do Brasil unificou e ampliou todos os projetos de responsabilidade social em andamento, que estavam sob a responsabilidade da montadora Toyota do Brasil.

A Fundação Toyota do Brasil agrega ainda as ações sociais implantadas e mantidas nas comunidades onde a empresa possui unidades, como Indaiatuba (SP), Guaíba (RS), Porto Feliz (SP), Sorocaba (SP) e São Bernardo do Campo (SP). As iniciativas compreendem as áreas de educação, meio ambiente e cultura, e contam com o apoio dos colaboradores da empresa como voluntários.

Para mais informações, visite o site da Fundação Toyota do Brasil na internet www.fundacaotoyotadobrasil.org.br.

Sobre a Fundação SOS Mata Atlântica

A Fundação SOS Mata Atlântica é uma ONG ambiental brasileira. Atua na promoção de políticas públicas para a conservação da Mata Atlântica por meio do monitoramento do bioma, produção de estudos, projetos demonstrativos, diálogo com setores públicos e privados, aprimoramento da legislação ambiental, comunicação e engajamento da sociedade em prol da recuperação da floresta, da valorização dos parques e reservas, de água limpa e da proteção do mar. Os projetos e campanhas da ONG dependem da ajuda de pessoas e empresas para continuar a existir. Saiba como você pode ajudar em www.sosma.org.br.

Sobre o ICMBio

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é uma autarquia em regime especial. Criado dia 28 de agosto de 2007, pela Lei 11.516, o ICMBio é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).

Cabe ao Instituto executar as ações do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as UCs instituídas pela União.

O Instituto ainda fomenta e executa programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e exerce o poder de polícia ambiental para a proteção das Unidades de Conservação federais.

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